4 de mai. de 2010

DISARMyself with a Smile

04 de Maio de 2010 - Terça Feira, 4:10 am - Renascendo.


Hoje refleti sobre a necessidade do ser humano de criar diários e registros... Necessidade de aceitação, de romper o silêncio do tempo, de pedir ajuda, de não correr o risco de esquecer? É interessante no meu caso pensar nisso. Sofro de uma séria e grave moléstia: nunca esqueço, nunca esqueço... Graças a esse traço particular que ainda é reforçado por uma extrema memória fotográfica, acabei desenvolvendo um jeito de viver da forma mais leve que me era possível - NEVER FORGET, EVER FORGIVEN - para assim carregar o mínimo de peso do que já foi para além do eco gerado no futuro.
E por muito tempo a unica coisa que me sobrou foi a letra dessa música irritantemente na minha cabeça como que zombando de mim:

send a smile over u!


Hoje, a exatos 22 anos de onde tudo começou, percebo que nem esquecer de mim mesmo eu sou capaz. Ciclos começam e ciclos terminam... Eu aqui registro com um unico propósito - que outros se beneficiem de tudo que vivo. Sigo contra a corrente, minha mente grava detalhes que passam desapercebido a muitos... nunca esquecendo. Padrões de voz, de comportamento, energéticos, postura, temporais e atemporais... está tudo lá gravado e registrado em um disco que nunca apaga. Lembro do que os outros querem esquecer. Lembro exatamente como cada fato foi, superando minha própria sanidade e me libertando de qualquer julgamento. E as pessoas que convivem comigo sabem, me vem e lembram... para o bem e para o mal.

Tentei outros meios... tentei a revolta do títere e assim controlar o titereiro... Mas qual a diferença? Ainda somos o mesmo personagem... hoje desisto. Tentativa fútil. O titereiro sempre estará lá e a revolta nada mais é que um novo teste, uma nova representação e simulação. Vejo os ecos que criam o futuro... realmente vejo. Descrevo coisas que sei que vão acontecer e acontecem. 

Agora olhando estes ultimos 22 anos (carta do louco? Talvez...) vejo as mensagens que deixei no futuro pra mim mesmo. Nunca entendi porque gostava da música Disarm do Smashing Pumpkins e porque ela me irritava tanto aao mesmo tempo. Até realmente despertar. Sempre soube quando e onde e quem estaria envolvido nas mudanças de minha vida. Ecos... I send a smile over you... Foi o que fiz a mim mesmo.
As vezes penso em me desculpar com algumas pessoas... Quando as pessoas querem usar você abrem a porta mais obvia pra quem sabe acessar... abre a porta do ego... abre a porta das deficiências, das inseguranças... e aí acabam sendo usadas por quem vê além, por quem vê o padrão... Assim sigo sem culpas... elas me usaram o necessário e em troca levo meu quinhão e nem penso a respeito. Coisas ainda vão acontecer e algumas pessoas vão entender o que digo... agente de mudança... está no meu padrão...

O que vai acontecer aos outros já foi traçado por ecos criados pelo passado deles próprios. As vezes... as vezes só pego carona... afinal pra alguma coisa tem que servir de ver o mundo como eu vejo. rs

Aqui compartilho algo com todos que me conhecem - ESQUEÇAM DESTINO, O ATAQUE ALHEIO E TODAS AS INTERFERÊNCIAS EXTERNAS... É VOCÊ E APENAS VOCÊ... VOCÊ CRIA O ECO FUTURO QUE VAI TE CAPTURAR... VOCÊ CRIA AS PONTES TAMBÉM QUE VÃO FACILITAR, ENFIM... É TUDO CULPA SUA! E MÉRITO SEU TAMBÉM! - então esqueça o certo e errado, o preto e branco... o tempo não é linear... ele é curvo, múltiplo e passado, presente e futuro são ilusões comodas. Você cria seu passado apartir do seu futuro, e seu presente é seu benefício ou castigo.

Um dia alguém (um professor de Taichi chuan que muito admiro) me fez uma revelação - Vagner, e se o que você vê não for o passado e sim o futuro? Você está lembrando o que fará e não o que fez... - e bom, isso mudou todo o quebracabeça... Eu assim, com essa nova peça, pela primeira vez ví o titereiro e ele não era o monstro que eu pensava e eu era ele tanto quanto ele era eu. Ele era a criança que ficou pra trás nesses 22 anos, e percebo que na verdade eu que fiquei pra trás. Essa criança tem a idade do mundo... sempre me guiou. Sabe que a imaturidade humana simula uma vida adulta, brinca de ser adulta, finge ser séria e no fim são apenas crianças fazendo o melhor que podem. Sem um adulto pra orientar, a humanidade é uma criança perdida tentando imitar a referência e lembrança de um irmão mais velho que partiu a muito de casa.

Aí percebi a importância da música Disarm na minha vida... Só hoje percebo que a criança brincando com o títere já tinha preparado todo o roteiro, todas as peças e a obra é linda... 

I used to be a little boy, so old in my shoes. what I choose is my choice - the killer in me is the killer in u - send a smile over u!

Ele havia deixado a cópia do roteiro da minha vida entre várias outras pistas e esperou paciente que o titere se tornar-se o titereiro. Agora eu entendo... 

Disarm you with a smile, and leave you like they left me here
To wither in denial. the bitterness of one who's left alone.
Ooh, the years burn
Ooh, the years burn, burn, burn

Mudanças virão e muitas das pessoas que conheço não vão poder olhar para o outro lado dessa vez... desculpem... é parte dos ecos dos seus passados. Nada tenho a ver com isso... só peguei uma pequena carona até aqui.

E se precisarem mesmo de um culpado de seus infortunios, tudo bem, faz parte das limitações do momento de cada um e de um jeito ou de outro os ecos que plantamos nos alcançam. Não dá pra evitar a vida toda.

E assim mais uma vez envio meu sorriso sobre vocês.